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Tag: Marajó

1 de junho de 2012

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Dia 2 – Peixes, ervas e a chegada a Marajó



A visita ao famoso Mercado Ver-o-Peso (veja aqui o TED realizado este ano sobre o mercado) começou às cinco da manhã. Da Cidade Velha desci caminhando pelos paralelepípedos da rua da Ladeira, com mais de 400 anos de história, e que do largo da Catedral da Sé nos leva a “feira do açai”, um dos espaços no grande complexo do mercado. A primeira visão é de um caos controlado – por mais incrível que possa parecer. Centenas de paneiros de açaí espalhados pelo chão são negociados por seus donos e compradores locais.

De lá, o cheiro de peixe no ar, acentuado pelo calor de 27 e 28°, nos indicava a área em que pescadores das mais diversas regiões do Pará comercializam uma incrível variedade de espécies. Já com o sol forte das sete da manhã, sigo para a parte de verduras, temperos e frutas. Os aromas dos temperos misturam-se no ar e a variedade de frutos de palmeiras como o bacuri, taperebá, buriti, pupunha, tucumã enchem os olhos. Provei o sapoti, uma frutinha visualmente sem graça, meio acinzentada, mas de textura macia e gosto doce, que lembra de longe uma tâmara.

Para minha sorte, quem me mostra o restante do Ver O Peso é o guia Cícero, um senhor de mais ou menos 56 anos, de espírito jovem, muito bem relacionado no mercado. Um dos pontos altos da visita foi a barraca 27 da Beth Cheirosinha, que vende dezenas de perfumes, loções, pomadas e ervas para qualquer tipo de problemas, de desilusão amorosa a mal olhado. Confesso que comprei alguns vidrinhos de “Mão Aberta”, “Chama Mulher”, “Mil Homens” e ‘Carrapatinho” para os meus colegas.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=CJ6htT73mqk[/youtube]

Mortos de fome, saímos em direção ao Ponto do Açaí. Um lugar bacana, instalado num casarão antigo de parede de taipa. Provei pela primeira vez o peixe com açaí natural sem açúcar. No início o gosto é um tanto estranho, mas aos poucos fui curtindo a ideia.

E depois de tantas experiências olfativas, visuais e gustativas, segui finalmente em direção a Marajó. Naveguei por três horas em uma “barcão” com capacidade para 200 pessoas. O visual de Camará se aproximando ficou ainda mais bonito com a chuva da tarde. Era noite quando cheguei a cidade de Soure. Por enquanto, a fome só me fez conhecer na cidade o famoso queijo Marajoara de aperitivo, feito com leite de búfala, e crepe de camarão.

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31 de maio de 2012

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Dia 2 – Banhos de ervas, Maniçoba e as deliciosas cervejas amazônicas

Conhecer Boa Vista do Acará significa ter um gostinho da vida na floresta, mas perto da cidade grande. Lá pude ver a preparação artesanal da farinha de mandioca, colheita de Açaí direto do pé, participar do arranquio da priprioca (erva amazônica – veja Alexandra Forbes buscando compreender como Alex Atala incorporou a raiz da priprioca em seus pratos) e aprender como essa pequena planta ajuda a melhorar a vida das comunidades ribeirinhas na Amazônia com a venda para indústria cosmética e farmacêutica.

O Banho de Cheiro foi outra tradição amazônica que acompanhei de perto. É só escolher o que deseja e jogar no corpo uma água com a essência das mais diferentes ervas. Pode ser curativos, medicinais, energizantes ou até afrodisíacos.

Provei também a Maniçoba (folha da mandioca), um prato típico da região e que demora sete dias para cozinhar. A mandioca contém acido cianídrico em várias partes do vegetal, inclusive na folha, e por isso deve-se cozinhar a folha por sete dias, ligando e religando pacientemente a chama do fogão dezenas de vezes durante o processo. O prato tem gosto e textura de uma feijoada sem feijão! As folhas da mandioca são cozidas incansavelmente e no último dia são misturadas a carne de porco formando um caldo grosso. Muito bom!

A visita ao parque ecológico Mangal das Garças, em Belém, é outra boa pedida, já que abriga diversos espaços da fauna e flora amazônica, como o Guará, ave rara em outros locais do Brasil e de coloração vermelho vivo. A torre de observação guarda uma bela vista da cidade e da Baía de Guajará.

No fim do dia encarei a degustação das cervejas atersanais com toque amazônico feitas pela cervejaria Amazon Beer, como as Cervejas de Tapereba ou de Buriti – bebidas mais leves e frutadas.

Existem também os tipos mais comuns, entre Pilsen, Lager e Weiss. São cervejas de alta qualidade, que não deixam nada a desejar para as melhores cervejas artesanais fabricadas em outros cantos do Brasil. Foi uma grande surpresa encontrar cervejas da mais alta qualidade na Amazônia! Não resisti e já coloquei algumas na mala 🙂

* Relembre o primeiro dia da expedição Belém/Marajó

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