Matueté Blog

Archive for junho de 2012

2 de junho de 2012

:: (a) Brasil | Matueté em Campo

Dia 4  – Em busca do Turú

Logo cedo chego a uma comunidade de Pesqueiro, que fica a 20 minutos de Soure. A faixa de areia é extensa e dura, e só acaba bem pertinho de uma vegetação que mistura mangue e coqueiros. Nossa missão é encontrar o famoso “Turú” dentro do mangue de Pesqueiro, que faz parte da RESEX da Marinha, uma área de proteção ambiental determinada pelo governo federal e administrada pelo ICMBIO (Inst. Chico Mendes) em conjunto com os moradores locais.

Em menos de 50 metros de trilha o Dinei, vulgo Jacaré, encontra no primeiro tronco de árvore caído no chão esses moluscos vermiformes, que lembram uma minhoca esbranquiçada, quase transparente, de consistência gelatinosa. Em poucas machadadas eles aparecem as dezenas, sempre dentro do tronco úmido em decomposição das grandes arvores que caem no mangue.

Determinado, Jacaré passa uns quinze minutos até encontrar um turu de quase 30 cm. Orgulhoso da descoberta, ele coloca um punhado deles numa cuia e lá vamos nós retornar a praia para lavar os bichos e provar a iguaria, um alimento riquíssimo em proteína e cálcio e, dizem, um ótimo revitalizante sexual….é o Viagra marajoara!

Chegou a hora da degustação. O turú é colocado rapidamente numa cuia contendo sal e limão e aí é só “mandar pra dentro”. Alguns preferem comê-lo como ostra, ou seja, engolindo o molusco, mas a maioria, como eu, mastigam suavemente a iguaria, que depois de limpa fica com quase nenhuma gosma e parece muito mais palatável do que quando retirada da madeira em decomposição do mangue.

O sabor é suave e único, pode-se dizer até gostoso para quem nunca provou antes. Com o implemento de outros molhos ou condimentos, como por exemplo wasabi ou pimenta vira um aperitivo e tanto. Nos despedimos de Jacaré e embarcamos na canoa do tipo rabeta pelo rio de Pesqueiro. A paisagem é belíssima. O rio é margeado por uma vegetação comum em áreas próximas a comunidades na Amazônia Atlântica: coqueiros, palmeiras de açaí e vegetação de mangue se entrelaçam e fazem o visual ser inesquecível.

Após a prazerosa manhã na comunidade de pesqueiro seguimos para ver a ponta da praia no pesqueiro. Fomos almoçar no restaurante Paraíso Tropical, local agradável em meio a plantas e objetos coloridos pendurados nos galhos das árvores. Experimentei um prato a base de carne de caranguejo, vizinho de mangue do turú. Aprovadíssimo!

No fim da tarde fui ao Atelier do artista Ronaldo, a apenas 15 minutos do centro da cidade. Ronaldo trabalha com troncos de arvores e pedaços de madeira achados nas praias da região, mas suas habilidades também podem ser vista nas peças de cerâmica. Ele é um dos raros artistas que transformam o barro nas famosas cerâmicas marajoaras.

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1 de junho de 2012

:: (a) Brasil | Matueté em Campo

Dia 2 – Peixes, ervas e a chegada a Marajó



A visita ao famoso Mercado Ver-o-Peso (veja aqui o TED realizado este ano sobre o mercado) começou às cinco da manhã. Da Cidade Velha desci caminhando pelos paralelepípedos da rua da Ladeira, com mais de 400 anos de história, e que do largo da Catedral da Sé nos leva a “feira do açai”, um dos espaços no grande complexo do mercado. A primeira visão é de um caos controlado – por mais incrível que possa parecer. Centenas de paneiros de açaí espalhados pelo chão são negociados por seus donos e compradores locais.

De lá, o cheiro de peixe no ar, acentuado pelo calor de 27 e 28°, nos indicava a área em que pescadores das mais diversas regiões do Pará comercializam uma incrível variedade de espécies. Já com o sol forte das sete da manhã, sigo para a parte de verduras, temperos e frutas. Os aromas dos temperos misturam-se no ar e a variedade de frutos de palmeiras como o bacuri, taperebá, buriti, pupunha, tucumã enchem os olhos. Provei o sapoti, uma frutinha visualmente sem graça, meio acinzentada, mas de textura macia e gosto doce, que lembra de longe uma tâmara.

Para minha sorte, quem me mostra o restante do Ver O Peso é o guia Cícero, um senhor de mais ou menos 56 anos, de espírito jovem, muito bem relacionado no mercado. Um dos pontos altos da visita foi a barraca 27 da Beth Cheirosinha, que vende dezenas de perfumes, loções, pomadas e ervas para qualquer tipo de problemas, de desilusão amorosa a mal olhado. Confesso que comprei alguns vidrinhos de “Mão Aberta”, “Chama Mulher”, “Mil Homens” e ‘Carrapatinho” para os meus colegas.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=CJ6htT73mqk[/youtube]

Mortos de fome, saímos em direção ao Ponto do Açaí. Um lugar bacana, instalado num casarão antigo de parede de taipa. Provei pela primeira vez o peixe com açaí natural sem açúcar. No início o gosto é um tanto estranho, mas aos poucos fui curtindo a ideia.

E depois de tantas experiências olfativas, visuais e gustativas, segui finalmente em direção a Marajó. Naveguei por três horas em uma “barcão” com capacidade para 200 pessoas. O visual de Camará se aproximando ficou ainda mais bonito com a chuva da tarde. Era noite quando cheguei a cidade de Soure. Por enquanto, a fome só me fez conhecer na cidade o famoso queijo Marajoara de aperitivo, feito com leite de búfala, e crepe de camarão.

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:: (a) Europa | Acontece por aí

Em tempos de preservação ambiental, dois europeus buscam na energia solar uma nova forma de unir gastronomia e sustentabilidade. O catalão Martí Guixé e o chef finlandês Antto Melasniemi inauguraram em 2011 o Lapin Kulta Solar Kitchen Restaurant e usam apenas fogão com captação de energia do sol para preparar todo o menu que, claro, varia de acordo com a intensidade do sol. A ideia tem dado certo e, neste verão europeu, a dupla, que garante no site do estabelecimento a excelência na preparação dos pratos, pretende levar a ideia à diversas cidades europeias, além de Helsinki.

O que significa que em dias de sol é possível realizar pratos com cozimento mais demorado e que, em dias de pouca luz, opta-se por alimentos com menos tempo de preparo. Vale pela divertida experiência gastronômica. Para acompanhar o roteiro da dupla clique aqui.
[vimeo]http://vimeo.com/30853867[/vimeo]

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