Integrante da equipe Matueté, Pedro Treacher conta os desafios e belezas de enfrentar os 9 km de subida até o topo da Serra de São José em Tiradentes, Minas Gerais.
A Serra de São José, que se debruça sobre Tiradentes em forma de dois paredões, é um prato cheio pra quem, como eu, não perde a oportunidade de desviar um pouco o olhar da cidade e se enfiar no mato! Com certeza, vale cada hora (e cada passo) gastos para subir ao topo! Antes de me aventurar morro acima, conversei com moradores e guias locais sobre a duração e distâncias das trilhas. Cheguei a conclusão que deveria fazer o circuito da Trilha do Carteiro, Vale das Libélulas e voltar pela Crista da Serra, que forma um percurso circular de aproximadamente 9 km. Aproximadamente, porque ao perguntar para moradores do entorno da entrada da trilha ouvia:
– Ah, são uns 5 km mineiros.
– Quilômetros Mineiros?
– Sim, vai seguindo, “devagarin’’, que chega, tem erro não…
A Trilha é tranquila, bem marcada e com visuais deslumbrantes. Quase no topo da Trilha do Carteiro chega-se a um passo com calçamento de pedras, feito pelos escravos perto do ano de 1750, no auge da exploração de ouro na região, para facilitar a comunicação da Vila de São José (atual Tiradentes) com as vilas ao norte da Serra.
Como os carteiros buscavam sempre o menor e mais fácil caminho, a trilha sobe pela parte menos inclinada da Serra. Nossas pernas agradecem! O topo da Serra tem mata bem preservada e uma trilha plana pelo Vale das Libélulas (que não ganhou esse nome à toa), com uma vegetação de Cerrado repleto de Sempre-Vivas e Canelas de Ema. A Volta pela Crista da Serra oferece vistas lindas, com mirantes de 1260m de altitude. Cheguei a cidade 200 fotos e quatro horas de caminhada depois, ansioso para um merecido almoço típico mineiro.